(Foto: Israel Simonton/CearaSC.com)

O violino solitário cantava o hino do clube, acompanhando aos que foram dizer adeus ao eterno Gildo, num cortejo no Cemitário Jardim Metropolitano. Uma parada cardiorrespiratória deixou órfã toda a Nação Alvinegra. O maior artilheiro da história do clube, aos 76 anos, decidiu encantar os campos do céu. A bandeira alvinegra, dessa vez não estava desfraldada; repousava imóvel em cima do caixão escuro. Gildo, pai de Gimena e Eveline, era casado há mais de 50 anos com Filomena. Francisco era seu neto.

Os números do ídolo alvinegro são impressionantes. Em 420 jogos com a camisa do Vovô de Porangabuçu, marcou 261 gols. Peça fundamental na conquista do título do Norte-Nordeste de 1969. Os títulos estaduais de 1961, 1962, 1963 e 1971 também só foram possíveis porque Gildo esteve em campo. “Ele jogava como ninguém. Mesmo sendo centroavante, não era trombador; tinha um estilo de jogo com muita classe. A imprensa o chamava de cavalheiro. Batia bem com as duas pernas e era um exímio cabeceador”, lembrou Pedro Mapurunga, Diretor Cultura do Ceará.

Gildo foi responsável por um dos gols mais bonitos da história do Estádio Presidente Vargas. Era Clássico-Rei pelo Campeonato Cearense. Numa quarta-feira, 28 de julho de 1971, aos dez minutos da etapa inicial, Cícero Capacete, goleiro tricolor, bateu mal tiro de meta. Gildo, da zona intermediária, interceptou a cobrança e cabeceou a gol. A bola sequer tocou o chão antes de morrer no fundo das redes. Neste dia, o professor universitário Adhemar Freire estava lá no PV e, mesmo depois de quase 50 anos, ainda lembra com detalhes, daquele gol antológico de Gildo. “O estádio quase caiu. Poucas vezes me emocionei tanto, feliz por um gol do Ceará. Sem dúvida, foi o gol mais bonito daquele estádio. Gostava do Gildo porque ele realmente amava o time. Não era raro vê-lo comemorando gols subindo nos alambrados e chorando, enquanto a torcida o abraçava”, concluiu.

O Presidente Robinson de Castro decretou luto oficial de três dias no clube. Na partida contra o Flamengo/PI, pela Copa do Nordeste 2016, além do respeito ao minuto de silêncio, antes no início da partida, os uniformes alvinegros levarão laços pretos em homenagem póstuma ao Eterno Gildo.

A família alvinegra, entristecida, agradece ao eterno ídolo. Adeus Gildo, obrigado eternamente!