Fut. Feminino: Conheça alguns dos que fazem a comissão técnica das Meninas do Vozão

Em muitas ocasiões, ao ver uma jogada iniciada no campo de defesa, trabalhada no meio campo e finalizada com maestria, nos encantamos pelo lance feito dentro de campo, mas não temos noção de quantas pessoas estiveram envolvidas na construção dele antes mesmo do apito inicial daquela partida. No futebol feminino do Ceará, assim como em todas as outras equipes de alta performance, o trabalho do campo é resultante do esforço de muitas mãos que compõem a comissão técnica. O cearasc.com conversou com alguns destes profissionais que fazem, fora das quatro linhas, o possível e o impossível para que as coisas aconteçam dentro de campo. 

Ao todo, 12 pessoas se entregam diariamente para que as Meninas do Vozão tenham o máximo de recursos possíveis para que possam buscar os objetivos alvinegros na modalidade. Nesta reportagem, vamos contar sobre o dia a dia de alguns destes profissionais e um pouco da relação deles com o Alvinegro de Porangabuçu. 

São histórias de amor com o Vozão e entrega integral para que o Mais Querido entre em campo sempre o mais preparado possível. Relações que, muitas vezes, se confundem com a história de vida destas pessoas. Um exemplo disso, é o preparador de goleiras do Vozão. Fábio Aires integra a comissão do Ceará há pouco mais de um ano, mas a relação dele com o clube é bem anterior a isso, como ele mesmo nos caracterizou.

“Minha relação com o Ceará é algo quase inexplicável. Sou torcedor do Ceará desde os meus quatro anos de idade. A primeira roupa que usei na minha vida foi do Ceará, ainda bebê. Meu sonho de infância era jogar no Ceará e, depois de me tornar preparador de goleiras, passou a ser trabalhar no Ceará.  Estar no clube hoje é espetacular, tanto profissional, quanto pessoalmente. Já vivi muita coisa na minha, mas a minha relação com o Ceará é diferente de tudo por conta do amor que tenho pelo clube. Estar aqui, hoje, é uma realização”, afirmou.

Assim como Fábio, Sérgio Marques, massagista da equipe, é outro que carrega sua relação com o Ceará há muito tempo. Após uma passagem pelo Time do Povo em 1996, Sérgio retornou no ano passado. O jeito sério de ser contrasta com a fala emotiva ao citar o sentimento de familiaridade com os demais membros da comissão técnica alvinegra. Sérgio ressalta, também, o foco geral no sonho do acesso à Série A1 do futebol feminino nacional. 

“Aqui, como eu sempre falo, é nossa segunda família. Desde o momento que a gente passa pela porta do clube, se vê como familiar dos outros colegas de trabalho. Todo mundo se ajuda e, como eu sempre digo, estar aqui é uma conquista. Estamos correndo atrás do nosso objetivo e estamos muito focados. Estamos fazendo uma grande campanha e todos do clube esperam alcançar esse sonho”, avaliou. 

Diferente de Fábio e Sérgio, Clara Ferreira, supervisora de futebol das Meninas do Vozão, está no clube desde o retorno do futebol feminino ao Ceará. O ano era 2018 e o projeto ainda estava apenas começando quando ela se tornou profissional do clube. Mesmo com as dificuldades de toda nova função que exercemos em nossa vida, Clara se superou e fez do amor pelo Vozão o principal combustível para trabalhar na busca do crescimento da modalidade em Porangabuçu. 

No período, a profissional viveu o crescimento do futebol feminino em Porangabuçu e o início do sonho de chegar na primeira divisão nacional. Aprendeu com as desilusões dos anos anteriores e olha para frente, sonhando com o acesso. 

“Nos anos anteriores, chegamos às quartas de final da Série A2, mas o acesso infelizmente não veio. Esse ano, tem muita coisa diferente e estamos acreditando muito nesse acesso. Temos uma nova comissão técnica e temos melhorado jogo a jogo na busca por isso”, disse. 

Mesmo que sendo uma das pessoas mais antigas da modalidade no clube, Clara tem uma relação ainda anterior com o Mais Querido. Torcedora de arquibancada, a profissional chegou a ser gandula em alguns jogos do time masculino do Vozão. Tudo para que estivesse um pouco mais perto do time do coração. 

Conversamos também com Aluísio Camelo. Preparador físico da equipe, Aluísio é uma das vozes mais ativas da comissão alvinegra. No staff desde o início desta temporada, o profissional salienta que  o que passou fez com que todos no clube ficassem mais fortes. 

“Eu costumo dizer que o nosso sucesso está escrito. Deus já determinou. Não desvalorizamos o trabalho de nenhuma outra equipe, mas nós estamos prontos. Passamos por diversas dores, temos cicatrizes e eu tenho certeza que vamos chegar a esse objetivo”, pontuou. 

Todos na comissão trabalham sob a batuta de Rodrigo Rocha. Torcedor do Ceará desde os primeiros anos de vida, Rodrigo é mais um daqueles que têm as lembranças mais marcantes da vida  quase que confundidas com as vivências com o Vozão. Coordenador da modalidade no clube desde 2019, Rodrigo salienta que o pensamento é de que, mesmo com a parcela mais importante do caminho a ser percorrida, o sentimento é de que o momento mais esperado por todos está próximo.

“Chegou a hora. O Ceará adquiriu experiências em 2018, 2019 e 2020. A gente experimentou várias atletas, diversos profissionais na comissão e chegou onde temos hoje, buscando um só caminho: o acesso. Sendo sincero, confesso que já estou há dias acordando durante a madrugada só pensando nesse jogo. Como todos da comissão, mergulhei de cabeça na modalidade. Ando tenso, mas estou confiante no grupo e na comissão de que vamos alcançar esse objetivo tão desejado”, finalizou. 

No domingo, às 15 horas, o Ceará entrará no gramado do estádio Franzé Moraes na busca pelo acesso à primeira divisão do futebol feminino nacional. Diferente do que se poderia imaginar, não entrará somente o Ceará de Jorge Victor e Nath Rodrigues. Estará em campo, o time de Clara, Rodrigo, Sérgio Marques, César Molina, Erivelton Vianna, Matheus Rodrigues, Fábio, Sílvia, Aluísio e Frid. Afinal, estamos falando do Time do Povo. Um povo que faz das cores preto e branco uma segunda pele e, a exemplo dos profissionais citados acima, fariam de tudo para o crescimento do Alvinegro de Porangabuçu.

Matheus Pereira/Departamento de Comunicação - CSC