Foto: Adriano Fontes/CBF

Estima-se que no ano 3500 antes de Cristo os seres humanos do período tiveram os primeiros contatos com a matemática que conhecemos hoje. Porém, ao que projetam os cientistas especializados, ainda na pré-história (período que compreende o primeiro ano de vida na terra até o ano 3500 antes de Cristo) os habitantes do planeta terra já utilizavam-se de métodos semelhantes aos matemáticos para determinar distâncias ou o tamanho de alguns objetos. Hoje, em 2021, com inúmeros novos recursos tecnológicos tanto na matemática quanto em outras áreas acadêmicas, evoluímos e descobrimos diversas coisas que, para aqueles que tiveram os primeiros contatos com os números, pareciam impossíveis. 

Acontece que, mesmo com tamanha evolução, algo ainda sem fundamento é a tentativa de medir ou colocar limite em um sonho e é uma história assim que vamos contar. 

Ester Marcelino é atleta do futebol feminino do Ceará Sporting Club. No clube há poucos meses, a lateral-direita do Time do Povo teve a oportunidade de ser convocada para a Seleção Brasileira Sub-17 da modalidade e bateu um papo exclusivo com o cearasc.com sobre a emoção em estar junto das melhores atletas de sua categoria no futebol brasileiro. 

Ester nasceu e cresceu no Genibaú, bairro da periferia da capital cearense. A paixão pelo futebol aflorou quando a jovem tinha apenas nove anos de idade. Nas ruas do bairro onde mora e, no meio dos garotos da localidade, Ester destacou-se. Hoje, seis anos depois, mesmo dividindo o tempo dedicado ao futebol com outros esportes, a jovem faz questão de esclarecer que a maior paixão é, sem dúvidas, pelo esporte mais tradicional de nosso país. 

“Comecei a jogar futebol na rua mesmo e com os meninos. Sempre gostei e fui apegada a esportes em geral. Já pratiquei Muay Thai, Jiu Jitsu e capoeira, mas a paixão mesmo é o futebol”, disse. 

A primeira oportunidade de Ester em vestir a camisa do Time do Povo em uma competição veio em Sorocaba, interior de São Paulo. A lateral foi um dos destaques do Vozão no Campeonato Brasileiro Sub-18, mesmo que só com 15 anos. Já na concentração com a Seleção, a atleta não escondeu sua gratidão ao Mais Querido e ao treinador de sua categoria, Erivelton Viana. 

“O Ceará tem uma importância enorme para que eu esteja aqui. Foi o clube que me abraçou e me deu a chance de mostrar o meu trabalho. Sou muito grata ao Erivelton, pois ele me deu a chance de estar em campo em todos os jogos do Campeonato Brasileiro”, pontuou.

Ester teve a honra de ser a primeira atleta do Futebol Feminino do Ceará a ser convocada para a Seleção Brasileira e alguma categoria. Sem dúvidas, a maturidade da atleta em campo foi fundamental para o feito. Ainda assim, estamos falando de uma jovem de só 15 anos, idade representada na pureza das palavras ao falar sobre a sensação de ser chamada para defender o seu país. 

“Não esperava receber a notícia e quase nem acreditei. A sensação foi de felicidade, pois é uma honra viver isso daqui. Eu sonho com isso há algum tempo e poder estar realizando esse sonho é algo grandioso. A ficha ainda não caiu totalmente e eu estou vivendo o momento aos poucos para entender de verdade como é estar aqui. Os treinos são muito intensos e muito bons de se viver. Não tem como não amar todo o ambiente”, finalizou. 

Como já citamos nesta reportagem, não é possível estimar o tamanho de um sonho e, muito menos, colocar limites naquilo que idealizamos para nossas vidas. Ainda jovem e cheia de experiências para viver, Ester já pôde ter a sensação de realizar, ao menos em parte, algumas de suas ambições pessoais. Ainda assim, não pretende parar por aí. A mais nova das quatro filhas de dois vendedores ambulantes da capital cearense pretende ir ainda mais longe e ser mais uma prova da impossibilidade da determinação prévia quanto aos desejos do nosso imaginário.

Matheus Pereira/Departamento de Comunicação - CSC