Xandy Rodrigues

Nas mais variadas culturas ao redor do mundo e em meio à passagem dos anos, diversos ritos de passagem ficaram famosos. Povos e tribos com força histórica na formação das sociedades em que estavam ou estão imersos, tinham rituais que significavam uma determinada mudança na vida de seus membros. Lutas contra animais selvagens, mutilações vistas como sagradas pelos povos e outros hábitos que, para os que veem de fora podem parecer algo estranho, têm um significado único para aqueles que passam por esses determinados processos. 

Mesmo que nada comparado ao que passam os jovens aborígenes, que quando garotos passam por processos cirúrgicos sem anestesia ou o que faziam os antigos espartanos, que, ainda crianças, eram obrigados a guerrear contra adultos de um porte físico enormemente superior, os atletas de futebol também têm seus ritos de passagem específicos. 

O principal ato que representa o crescimento do atleta para a maioridade é a transição das categorias de base para o futebol profissional. Sair do Sub-17, Sub-20, Sub-23 para a equipe principal é dar o principal passo para a realização do sonho gerado desde os primeiros contatos com a bola. 

No atual elenco alvinegro, dois nomes encontram-se exatamente neste período de suas vidas. Marcos Victor e Léo Rafael vivem o sonho da transição entre as categorias de base e o futebol profissional e, desde o início da pré-temporada 2022, passam pelo processo de mudança entre as categorias de acesso e o time principal. 

Já são 12 dias de trabalho junto de nomes consagrados com a camisa alvinegra como Luiz Otávio, Fernando Sobral e Vina. Nesse período, Marcos e Léo puderam perceber as diferenças de intensidade entre os trabalhos da base e do profissional, como os dois atletas mesmo nos caracterizam. 

“Essas duas semanas vêm sendo bem puxadas, sempre com treinos em dois períodos, mas a gente vem trabalhando forte para continuar tendo nossas oportunidades. A gente faz muito trabalho de força e de resistência e já deu para perceber que a intensidade é realmente diferente da base”, afirmou Léo Rafael. 

“Todo garoto quer ter a chance de chegar ao profissional e essa chance chegou para mim. Tenho me doado dobrado nessa pré-temporada, até porque é a primeira vez que eu tenho a chance de fazer treinos assim, mas já estou me adaptando bem com o grupo e estou disposto a dar o meu melhor a cada dia”, citou Marcos Victor. 

Além do baque entre a diferença de trabalhos entre a base e o time principal, os jovens atletas, quando alçados à equipe profissional, podem absorver de companheiros que, até bem pouco tempo, eram vistos como ídolos pessoais. 

No caso de Léo, o novo meia alvinegro cita nomes que vêm deixando sua marca na história alvinegra dos últimos anos e ocupam um lugar semelhante ao seu no campo. 

“A recepção do grupo tem sido muito boa. No dia a dia, procuram nos aconselhar para que possamos evoluir e nós estamos aptos a ouvir tudo isso para crescer. No meu caso, pela faixa de campo, o Lima e o Vina têm me ajudado muito e eu procuro aprender um pouco com eles a cada dia”, finalizou o meia alvinegro. 

Já Marcos Victor tem a chance de conviver com dois dos atletas mais experientes e de maior liderança do elenco do Vozão. Capitão na esmagadora maioria dos jogos, quando Luiz Otávio não pode carregar a braçadeira de capitão, o companheiro de zaga, Messias, o substitui. Chegando à equipe profissional, Marcos tem a oportunidade de aprender com os dois companheiros citados acima, uma chance que, segundo o garoto, é única.

“O objetivo é me espelhar nesses dois caras. Eles sempre conversam comigo, me dão conselhos do que fazer para desempenhar um melhor trabalho para o clube e eu busco tirar muita coisa do convívio com os dois”, disse o zagueiro. 

Como na maioria dos ritos de passagem já citados neste texto, a chegada ao time profissional também é refletida em mudanças físicas nos jovens. Uma das formas que os demais atletas encontraram para recepcionar os garotos no elenco principal foi modificar o corte de cabelo dos dois, dando um toque único ao visual dos jovens por alguns dias. 

Hoje, já com um novo corte de cabelo, Marcos e Léo sabem que esse é o menor dos detalhes na busca pela efetivação na equipe profissional e da finalização dos tais ritos de passagem nos quais vêm passando. Devem ter consigo, também, a certeza de que tudo valerá a pena e, assim como nos povos que citamos anteriormente, a vitória nesse processo representará força e fará com que eles sintam-se prontos para os desafios dessa nova etapa de suas vidas.

 Matheus Pereira/Departamento de Comunicação - CSC